Quando comecei a fazer Teatro há dez anos em Cascavel-Pr, passei por muitos momentos curiosos e que significaram muito em minha caminhada. Entre esses fatos acabei conhecendo um artista da cidade que se chamava Miguel Joaquim das Neves. Foi em uma oficina lecionada pelo diretor curitibano Chico Pennafiel, oficina essa que era promovida pela Secretaria de Cultura de Cascavel.
Nessa oficina conheci muitos seres interessantes, no entanto, o artista Miguel me chamava a atenção pois ele "vivia da arte". Quando o professor perguntou o que cada um fazia, Miguel respondeu:
- Eu sou, ator, diretor, autor, músico , poeta e outras coisas mais.
Fiquei surpreendido como um homem conseguiria fazer tudo aquilo ao mesmo tempo, com 16 anos eu pensava que não era possível viver de arte, por isso eu me questionava quando pensava:
" Que horas que ele trabalha?" E foi ali que percebi que era possível viver de arte.
Nos exercícios Miguel era sempre um dos mais dedicados e a sua vontade de aprender ultrapassava os limites da classe, pois eu percebia que 80% da turma que ali estava, queria apenas realizar a vontade momentânea de ser artista. A turma deixou muito a desejar em resultados, pois os poucos que tinham talento ali, tinham o "ego" maior que a própria capacidade que eles possuíam. Miguel se destacava muito nesse aspecto, pois em seu rosto encontrávamos uma imensa capacidade artística e também uma humildade que dificilmente acharíamos em alguém que fizesse teatro em Cascavel.
Voltávamos sempre a pé da oficina, onde caminhavamos em média de 6km por dia, nesses 6 km discutiamos sobre a oficina, de como estava sendo produtiva para cada um e também sobre a figura "Miguel".
Miguel foge dos padrões da sociedade, desde o seu jeito de se vestir , até em suas composições e é isso que atraia as nossas atenções, pois era inconcebível existir um ser daquele vivendo em Cascavel.
Ele é um artista muito difícil de encontrar igual, pois é um artista do "Povo", um artista que se preocupa em levar seus espetáculos em cidades pequenas , ou bairros carentes de Cascavel e região. Esse tipo de artista está totalmente escasso na sociedade artística , onde a maioria tem como única preocupação fazer algo pseudo-intelectual para criar uma imagem de sabedoria naqueles que o rodeia , ou até mesmo aqueles que se preocupam em fazer algo para o povo certamente buscará algum cargo na Secretaria de Cultura. E isso não acontece com Miguel.
Se pedirem para que " eu" de um exemplo de ser humano, com certeza Miguel Joaquim é um dos primeiros nomes que pensarei, pois não considero apenas como um artista que consegue viver de arte em Cascavel, mas sim um artista que consegue fazer muito bem aquilo que ama e consegue realizar pequenas mudanças através de suas músicas, poesias, peças, frases, obras e ...
Conheci Miguel em uma pequena apresentação aqui em Cvel em 2008. Confesso que fiquei impressionada com a simplicidade, entrega e responsabilidade com a arte já que o público era pequeno, sem "gente de sociedade" mas feito com todo carinho e dedicação... vi nele algo raro aqui em Cvel, a sua gentileza e educação com uma,até então, desconhecida. Infelizmente falta a nossa cidade artistas verdadeiramente preocupados com a qualidade de seus trabalho, tanto na musica, no teatro enfim, nossa cultura foi deixada de lado e some entre os carros e festas.
ResponderExcluirMas, ainda podemos recuperar o tempo que deixamos de ganhar.
NayaraDalavechia
p.s. Como eu consigo ver o documentário do Risologistas Alfredo?? Valter Mazo sumiu e confesso que estou muito ansiosa para ver o documentário.
Olá Nayara!!
ResponderExcluirAssim que eu conseguir eu irei postar o filme no blog.
Obrigado pelo post!
O Miguel é uma daquelas raras pessoas que a gente encontra na vida...
ResponderExcluirParabéns pelo sucesso. Fico feliz pelo amigo corajoso, persistente, o verdadeiro artista que não espera o público chegar, mas leva destemidamente a cultura para esse povo que adora os movimentos, se dizem engajados mas nunca estão presentes prestigiando nossa cultura. Um grande abraço. Prof. Lia de Sá Leitão
ResponderExcluirMiguel é um grande artista popular. Cascavel tem um diamante!
ResponderExcluirMiguel pra mim é assim:
Ele não permite o esvaziamento das manifestações de linguagens.
Ele não aceita, mas tolera como pessoa educada, a reprodução dos circos Cascavelenses de teatro e música.
Miguel compreende a diversidade artística e cultural, a forma de expressões do povo.
É meu amigo, Cascavel tem o hábito de “calcinha não sei de que cor pra cá, grupos de rock, pop, funk, metal pra lá. E o Xaxado, Maracatu, Coco, Congo e Caxambu? Como disse a você aquele dia em casa, fico decepciona com a banda do Pará que emprestou sem pedir licença o “botão de rosa” da mitologia grega.
Miguel meu amigo só lhe peço uma coisa: não entra na “bagaceira” da música que fazem aqui na nossa cidade. Vai além, se compromete em conhecer a música popular dos índios, negros, mestiços e o nosso folclore riquíssimo.
Fico feliz porque você não deixa de lado a identidade da cultura brasileira nas suas manifestações artísticas. Continue conservando a memória brasileira, PIS precisamos de homens como você.
A tua ascensão não vem feito slogans, marca registrada de um teatro universitário, certamente é conceitual e histórico.
Prossiga com seus compromissos culturais, não com descrições neutras de manuais de cultura. Compreende que a arte e o consumo cultural assumem a legitimação das idéias: Satisfaço meus prazeres sublimados! Afirmo superioridade por prazeres refinados! Um grande abraço da sua amiga Vânia Trinca que tanto te admira e que solta aos quatro ventos que você é menino (a) dos meus olhos!